Camuflagem #1 no MUSEU* do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra





Camuflagem #1, de Rita Carmo, 2020
Foto: Daniel Madeira
Estore, de Nuno Sousa Vieira, 2018





Agradecimentos:
CAPC, Daniel Madeira, Nuno Sousa Vieira, Aurora Machado, Fernando do Carmo e Magda Paraízo.

*O MUSEU é uma obra de arte pública do artista Francisco Tropa

 

Seleccionada para o JOGO DO SÉRIO

 É um prazer, e um orgulho, anunciar que a minha obra "Camuflagem #1" foi seleccionada pelo júri da Open call do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (@capc.), para jogar o _Jogo do Sério_ com a obra "Estore" de @Nuno_sousa_vieira!!

Muito obrigada CAPC Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Daniel Madeira e @nuno_sousa_vieira!
A exposição deste projecto curatorial de @danielsilvamatosmadeira é realizada no MUSEU, em Coimbra, que em si é já uma obra artística de @francisco.tropa.
Está disponível para visitas 24 horas por dia, até 26 de Março.

MATERIAIS de CONSTRUÇÃO - Ensaio Aberto #2 > Folha de Sala ilustrada

 A morada de Rita Carmo

Lançarmo-nos num mergulho[1] no trabalho artístico de Rita Carmo é, inevitavelmente, imergir na sua história pessoal e nos significados que transportam os espaços e os objectos pertencentes ao tempo e à casa onde viveu a sua infância. A infância como o início da individualidade e a casa como a essência do ser que a habita, enquanto metáfora da formação do individualismo moderno, encontram forte expressão nesta exposição e em grande parte do trabalho recente desta artista plástica, em que a domesticidade e o quotidiano vividos se apresentam como parte integrante da sua interioridade construída.

Tendo como ponto de partida diferentes materiais de construção[2] dessa casa familiar – azulejos, cortinados, mantas, toalhas e outros tecidos, estantes, cadeiras, fotografias, paredes, janelas, vestuário, desenhos de infância – Rita Carmo revisita esse tempo, que quer esticado[3], e esse lugar – fortemente apropriados e presentes -, numa busca incessante pela sua origem e pelo processo de formação da sua própria identidade.

Tea party intemporal na Rua do Bocage, Instalação e Foto-conto, 2021 (pormenor)








Esta casa familiar emana de uma construção mental e afectiva, edificada pela experiência do habitar e pelas memórias imaginadas da artista, transportando cada obra uma narrativa da formação da sua própria individualidade, resgatando momentos intemporais[4] e significados da intimidade subjectiva e familiar, sob um olhar retrospectivo e reflexivo do presente.

Esta exposição não nos confronta, assim, com um exílio nesse tempo passado numa perspectiva memorialista, mas sim com uma dialéctica descontínua entre passado e presente, com um jogo entre presença e ausência, entre interior e exterior, recuperando preciosidades[5] da história pessoal e familiar da artista, 

Pretérito Perfeito: um gabinete de preciosidades, Instalação, 2022















































reinventando[6] os espaços vividos com os sentidos do agora.


O meu quarto de criança reinventado, Instalação ,2021


Afastando-se de meios mais tradicionais de expressão artística, Rita Carmo utiliza, numa óptica transdisciplinar, a fotografia, a instalação, a performance, consolidadas pela auto-representação. Através da fotografia, e com uma forte dimensão performativa, o corpo da artista funde-se com a sua obra, ora vestindo[7] tecidos pertencentes ao outrora quotidiano familiar, 

Jogo de Construção, Performance fotográfica, 2021

ora encaixando-se[8] em prateleiras que em tempos albergaram livros,

Jogo de Encaixe, Estudo para instalação site-specific, 2022






ora aninhando-se, como se de um abrigo nuclear[9] se tratasse, em armários, bancadas e banheira.

Abrigo Nuclear, Instalação site specific, 2022

A imagem e o corpo da artista não surgem como auto-retratos, constituindo a própria matéria-prima de algumas obras apresentadas, numa presença reiterada de si mesma, sem personagens ou artifícios.

A própria realização desta exposição apresenta-se como uma instalação artística, através da transformação da casa onde mora Rita Carmo numa galeria com horário de abertura para o exterior, entrecruzando-se no mesmo espaço a esfera privada e íntima da artista com o contexto público e profissional, flexibilizando-se, de forma singular, territórios e quebrando dicotomias, numa viagem, não ao Tahiti[10]mas à imaterialidade da verdadeira morada de Rita Carmo.

 

Rita Mira                                                                                     Lisboa, 8 de Junho


Rita Mira é investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais / Faces de Eva da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Doutoranda em Sociologia, desenvolvendo investigação na área da construção social da intimidade. Mestre em Estudos sobre as Mulheres pela mesma universidade, com a dissertação "O Arquétipo da Princesa na Construção Social da Feminilidade". Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa e pós-graduada em Gestão de Projectos em Parceria pelo ISCTE. Faz parte da equipa de redacção da Revista Faces de Eva.


[1] Nome da galeria da artista.

[2] Título do projecto que a artista se encontra a desenvolver.

[3] Texto da artista que acompanha a obra Tea party intemporal na Rua do Bocage.

[4] Tea party intemporal na Rua do Bocage.*

[5] Pretérito Perfeito: um gabinete de preciosidades*

[6] Performance dada para o meu quarto de criança reinventado*

[7] Jogo de Construção*

[8] Jogo de Encaixe*

[9] Abrigo Nuclear*

[10] Lugar idílico onde a artista situa as suas residências artísticas 'Se perguntarem por mim diz que estou no Tahiti!'. 

*Títulos das obras expostas.

Visita guiada à Exposição MATERIAIS de CONSTRUÇÃO- ensaio aberto #2


E para finalizar a celebração de mais um ciclo de criação e exposição,partilho a visita, guiada por mim, à exposição MATERIAIS de CONSTRUÇÃO-ensaio aberto #2!

Ideal para quem não teve oportunidade de ver ao vivo.

Visitas Guiadas na Galeria Mergulho

 


Amanhã às 16h, 17h e 18h faço visitas guiadas à exposição!

Encerra às 20h.

Conto convosco!!



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Exposição MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Ensaio aberto #2
GALERIA MERGULHO
Rua do Bocage, n. 17
2775-167
Parede-Cascais

Conversa-Mergulho #1 com Rita Carmo e Paula Nobre


Partilho aqui a conversa-vídeo pré-gravada entre mim e a Paula Nobre acerca do meu trabalho e do acompanhamento realizado por ela à algumas das residências artísticas "Se perguntarem por mim diz que estou no Tahiti" (criadas pela artista), nas quais protagonizou o papel de "olhar exterior".

Esta conversa está inserida na programação paralela à exposição MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO-Ensaio aberto #2, onde estarão expostos os resultados das residências realizadas por mim na Galeria Mergulho entre Fevereiro e Agosto de 2021.

A exposição estará patente de 15 a 17 de Julho de 2022 na Galeria Mergulho.

Exposição MATERIAIS de CONSTRUÇÃO-Ensaio Aberto #2 na Galeria Mergulho de 15 a 17 de Julho 2022




Participação na Monumental Festa dos pequenos Formatos, Galeria Monumental em Lisboa



Série Biograf-Provas de contacto: Passagem-Exposição de finalistas ESNBA, Paris 2002 #1 Grafite s/papel vegetal, balsa e tachas, 22x14 cm, 1/5 desenhos feitos à mão, 2021

Série Biograf-Provas de contacto: Passagem-Exposição de finalistas ESNBA, Paris 2002 #2 Grafite s/papel vegetal, balsa e tachas, 22x14 cm, 1/5 desenhos feitos à mão, 2021


Série Biograf-Provas de contacto: Passagem-Exposição de finalistas ESNBA, Paris 2002 #3 Grafite s/papel vegetal, balsa e tachas, 22x14 cm, 1/5 desenhos feitos à mão, 2021


Os desenhos disponíveis pertencem ao projecto Auto Retrato Múltiplo e à série Biograf

 

“Partindo apenas das fotografias que outras pessoas me tiraram, desde criança até agora, pretendo reactivar, reviver, reencontrar, reencenar, acontecimentos e formas do que fui ao longo dos anos. 
O que é que permanece, o que é que muda? O que é importante?  
Tornar o passado presente e transformar a imagem plana e fixa em imagem quase tridimensional ou quase em movimento, quase real, quase viva.  
Fazer reaparecer, para recontar e reencontrar a minha própria vida. Frente a frente, de fora, oferecendo-a, nesse processo, também a quem vê.

A série Biograf pertence a este projecto. Biograf em dinamarquês quer dizer Cinema, o “desenho da vida”. Nesta série faço assim o desenho da minha vida.

 Estou a desenvolvê-la em duas facetas: tiras horizontais com sequências de desenhos a grafite sobre papel vegetal, partindo de várias fotos que juntas invocam uma narrativa, lembrando pequenas curtas metragens em que o movimento é sugerido pela passagem do nosso olhar e a existência de uma iluminação por trás; e Provas de contacto (que apresento aqui,) em que cada imagem é separada e pode ter uma existência só por si, como um fotograma de um filme, um movimento agarrado em pleno voo. Cada série de três pode também ser lida sequencialmente, mas na vertical, evocando a sequência dos fotogramas de um filme antigo”

Rita Carmo




Série Biograf-Provas de contacto: Processo- Atelier na Kunstakademiet i Bergen, Noruega 2005 #1, 2 e 3 Grafite s/papel vegetal, balsa e tachas, 22x14 cm, 1/5 desenhos feitos à mão, 2021


Série Biograf-Provas de contacto: Sobreexposição- ESAD das Caldas da Rainha, 1999 #1, 2 e 3 Grafite s/papel vegetal, balsa e tachas,22x14 cm,1/5 desenhos feitos à mão, 2021