Rita Carmo
Exposição BREAKING THE PATTERNS na Cowshed Gallery, Dublin, Irlanda. Fevereiro 2025

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Cristiana Tejo (NowHere) e Monika Wasik (Synopsis Practice) |
“This exhibition is a pivot point for this group of emerging artists, who have developed their recently established artistic methodologies within the context of new cultures, places, people and climates. Within the Breaking the Patterns programme there was an emphasis on cross cultural dialogue and connecting with fellow local artists which has led the participating artists to create new work which reflects on notions of identity, place as well as the built and natural environments where they were on their 3 month residency – in Seville and Lisbon. Being immersed in a new place or programme has the ability to both overcome you with curiosity and instigate a process of deep reflection as you bring your own experiences with you. In this work we can see so many instances where such new experiences have been received and translated as ways to communicate their developing artistic language, as well as showcasing and embracing their work as artists with confidence and the belief in their capabilities.” – Róisín Foley, Curator for Breaking the Patterns exhibition.
The exhibition showcases the artworks of 13 artists in total ( Ireland based, Seville based and Lisbon based artists). Jack Lynch, Grace Hickey, Karmel Daly, Cian Lawlor, Rhys Wallace, Sarah Cogley, Laura Gata, Anna Payán, Emily Lanin, Rita Carmo, Rachel Roberts, Paul Cashin, Sarah Kinneen.
Exposição iMATERIAIS de CONSTRUÇÃO - Ensaio Aberto # 3 na Galeria Mergulho, Parede. Outubro 2024
Manipulando estas peças essenciais da construção da sua
própria identidade, investigou intuitivamente o impacto que tiveram, têm e
terão no seu passado, presente e futuro.
O seu corpo-figura esteve sempre implicado em todas as obras
criadas até agora.
Por vezes, fixa o momento performativo, ao chegar à frente
da câmara após marcados os 10 segundos
de atraso no obturador; outras, manifesta-se através de roupas e
objectos rituais que dão vida a criaturas imaginárias. Repetidamente, ela é
protagonista de acções que nascem de uma oscilação entre consciente e
inconsciente, estimuladas pelo seu processo de improvisação particular.
Simultaneamente directora artística, performer e fotógrafa
do seu trabalho, tem procurado o momento da curadoria como forma de
distanciamento e reflexão sobre o percurso realizado.
Nesta exposição testa a ideia da Casa de Família como um
centro de experiências e uma máquina de construção de identidade: a
configuração dos espaços, as características dos revestimentos, os padrões dos
tecidos e as proveniências dos objectos, revelam-se como material genético
orientador de sensações, emoções, pensamentos, possibilidades de vida e
comportamentos.
E se fosse possível criar uma casa (da memória) com apenas
um móvel? Que condensasse as mais importantes experiências do passado embora já
parcialmente fundidas com o presente, revelando pequenos ou grandes
deslocamentos do ponto de partida original.
E não seria ela uma grande casa animada, onde já se torna
difícil distinguir o real do imaginado?
Um “Móvel-Mapa da memória” que se desdobra sempre mesmo a
tempo e onde pequenas unidades móveis de grande importância se movimentam de
forma imprevisível, provocando encontros improváveis e bailes de memórias
ecléticas. Um lugar onde os interruptores podem servir para acender e apagar
tanto as memórias boas como as traumáticas.
Nesse espaço, real-imaginário, onde é possível uma estrutura
híbrida de memória oferecer-se um momento de reflexão e mergulhar os pés nas
linhas da sua própria confecção ou brincar acrobaticamente entre memórias
adjacentes, as memórias materializadas
em objectos podem ser palco de reuniões terapêuticas para clarificação e
apaziguamento de outras memórias e emoções.
Um verdadeiro comboio-fantasma que desliza entre a tristeza,
a alegria, o medo e a felicidade. Mas há sempre uma certeza: numa estrutura
doméstica emocional como esta, há sempre razões para dançar!
Nestas últimas explorações arqueológicas, Rita Carmo,
retira-se, assim, pela primeira vez, do centro da obra, oferecendo o espaço da
sua memória a quem quiser percorrê-lo e senti-lo.
Em outras peças que aqui se expõem pela primeira vez, a sua
característica autorrepresentação mantém-se viva em desdobramentos da
criança-adulta que experimenta incessantemente estratégias de pertença,
protecção e superação, manipulando e integrando os objectos icónicos da sua
infância, e mantendo-os, e a si própria, sempre a 10 segundos da
desmaterialização.
No seu conjunto, as obras e a artista, recebem-nos num envolvente
espaço sonoro e odorífero que nos conforta, sobressalta e diverte,
surpreendentemente povoado por visitantes inesperadas.
Mas, atenção, olhem sempre para ambos os lados ao atravessar
este caminho! Uma memória pode sempre esconder outra, e uma delas pode ser a
vossa.
Camuflagem #1 no MUSEU* do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
Seleccionada para o JOGO DO SÉRIO
É um prazer, e um orgulho, anunciar que a minha obra "Camuflagem #1" foi seleccionada pelo júri da Open call do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (@capc.), para jogar o _Jogo do Sério_ com a obra "Estore" de @Nuno_sousa_vieira!!
MATERIAIS de CONSTRUÇÃO - Ensaio Aberto #2 > Folha de Sala ilustrada
A morada de Rita Carmo
Lançarmo-nos num mergulho[1] no trabalho artístico de Rita Carmo é, inevitavelmente, imergir na sua história pessoal e nos significados que transportam os espaços e os objectos pertencentes ao tempo e à casa onde viveu a sua infância. A infância como o início da individualidade e a casa como a essência do ser que a habita, enquanto metáfora da formação do individualismo moderno, encontram forte expressão nesta exposição e em grande parte do trabalho recente desta artista plástica, em que a domesticidade e o quotidiano vividos se apresentam como parte integrante da sua interioridade construída.
Tendo como ponto de partida diferentes materiais de construção[2] dessa casa familiar – azulejos, cortinados, mantas, toalhas e outros tecidos, estantes, cadeiras, fotografias, paredes, janelas, vestuário, desenhos de infância – Rita Carmo revisita esse tempo, que quer esticado[3], e esse lugar – fortemente apropriados e presentes -, numa busca incessante pela sua origem e pelo processo de formação da sua própria identidade.
Tea party intemporal na Rua do Bocage, Instalação e Foto-conto, 2021 (pormenor) |
Esta casa familiar emana de uma construção mental e afectiva, edificada pela experiência do habitar e pelas memórias imaginadas da artista, transportando cada obra uma narrativa da formação da sua própria individualidade, resgatando momentos intemporais[4] e significados da intimidade subjectiva e familiar, sob um olhar retrospectivo e reflexivo do presente.
Esta exposição não nos confronta, assim, com um exílio nesse tempo passado numa perspectiva memorialista, mas sim com uma dialéctica descontínua entre passado e presente, com um jogo entre presença e ausência, entre interior e exterior, recuperando preciosidades[5] da história pessoal e familiar da artista,
Pretérito Perfeito: um gabinete de preciosidades, Instalação, 2022 |
e reinventando[6] os espaços vividos com os sentidos do agora.
Jogo de Construção, Performance fotográfica, 2021 |
ora aninhando-se, como se de um abrigo nuclear[9] se tratasse, em armários, bancadas e banheira.
A própria realização desta exposição apresenta-se como uma instalação artística, através da transformação da casa onde mora Rita Carmo numa galeria com horário de abertura para o exterior, entrecruzando-se no mesmo espaço a esfera privada e íntima da artista com o contexto público e profissional, flexibilizando-se, de forma singular, territórios e quebrando dicotomias, numa viagem, não ao Tahiti[10], mas à imaterialidade da verdadeira morada de Rita Carmo.
[1] Nome da galeria da artista.
[2] Título do projecto que a artista se encontra a desenvolver.
[3] Texto da artista que acompanha a obra Tea party intemporal na Rua do Bocage.
[4] Tea party intemporal na Rua do Bocage.*
[5] Pretérito Perfeito: um gabinete de preciosidades*
[6] Performance dada para o meu quarto de criança reinventado*
[7] Jogo de Construção*
[8] Jogo de Encaixe*
[9] Abrigo Nuclear*
[10] Lugar idílico onde a artista situa as suas residências artísticas 'Se perguntarem por mim diz que estou no Tahiti!'.
*Títulos das obras expostas.